22 de jul. de 2009

TABULA RASA


Boa noite a todos, estou dando uma pequena pausa em meus afazeres para deixar um pensamento que me acompanhou nesses últimos dias, e acredito que como vou estar meio ocupado por um bom tempo, não sei quando vou poder estar aqui de novo, mas espero poder fazer isso em pouco tempo.

TABULA RASA: A expressão vem do Latim e significa "Folha em Branco".

Esses dias eu estava lendo um livro, "Ensaio acerca do Entendimento Humano" do grande filósofo Inglês John Locke, uma obra que eu inclusive recomendo a todos, e numa de suas passagens o autor falava sobre a "teoria da Tabula Rasa" em que explica que o ser humano ao nascer é como uma página em branco, que precisa ser escrita ao longo de suas vivências, por nascer sem o conhecimento de absolutamente nada, e a medida que vai assimilando o mundo à sua volta, vai adquirindo experiencias e guardando para si o que aprende, e reage proporcionalmente ao que insere em seu intelecto ao longo do tempo.

Tá, até ai tudo bem, nada de novo nessa teoria, mas exatamente pelo fato de ela parecer tão óbvia, é que vem seu aspecto mais intrigante, pois a experiência começa, mas ela nunca termina, ou pelo menos, quase, pois aprendemos desde o nosso primeiro dia, quando nascemos, até o nosso último, e para alguns, que acreditam em vida após a vida, esse aprendizado definitivamente deve continuar, talvez em outros niveis de entendimento, mas existe um outro aspecto interessante na teoria de Locke, que diz que o ser humano, independente de classe ou etnia, nasce com as mesmas características, ou seja, todos nascem "em branco", o que faz a diferença é exatamente o empirismo de cada um, a maneira como sua cultura será inserida, o que nos remete a um outro pensamento...Que somos definitivamente "Frutos de nosso meio", seja ele social ou cultural. Mas se somos frutos do meio, como alguns se destacam tanto entre outros, mesmo que de maneira diferente? Como por exemplo, uma criança que nasce em um meio completamente sem recursos, tem um infância pobre, sem estrutura social ou familiar, e sem acesso à cultura e conhecimento, como essa criança pode se destacar na sociedade? Podemos pensar em várias hipóteses, força de vontade, determinação, obstinação, mas fato é que esse aspecto é raro, principalmente em países como o nosso, que carinhosamente gostam de chamar de "em desenvolvimento", pois vivemos em um país de oportunidades e possibilidades cada vez mais seletas, onde o "social" é muito mais status do que qualquer outra coisa.

Vocês devem achar que eu estou aqui pra levantar a bandeira da democracia e dos direitos iguais, mas não, mesmo porque, isso não compete só a mim, acho que cada classe da nossa nação tem suas obrigações de observar e buscar os meios pra isso. O que eu gostaria de dizer, minha verdadeira mensagem do post, nem tem tanto a ver com "aspectos políticos ou sociais".

Quero falar sobre experência, vivências, que pra mim é definitivamente, a melhor maneira de aprendizado.

Passei uns dias na casa de uma das minhas Irmãs, e conversamos muito, e numa de nossas conversas, ela me falava do quanto ela já sofreu na vida, ao longo de seus quase 50 anos, e que agora observa a vida de uma maneira diferente, ela, que na sua juventude, foi uma pessoa amorosa, atenciosa e romanticamente lúdica, hoje, depois de passar por tantas coisas, se tornou uma pessoa mais fria, e cada vez mais racional. E observando alguns detalhes da maneira de como ela falava, começei a fazer um paralelo com minha própria vida, as minhas experiências, amores e dessabores, e me perguntei: Será que esse é um preço que vale pagar por ter tantas experiências? Será que vale a pena mudar tanto nossa maneira de ver e viver a vida, pelo fato da vida ter fechado algumas portas? Posso estar enganado, e pode ser que eu mude de idéia no futuro, mas acho que não vale a pena, acredito que mudar assim, é como esquecer da nossa essência, eu não quero chegar nos meus 50 anos e me tornar alguém ácido e desacreditando nas pessoas, quero continuar com meus sonhos de um mundo melhor, pra mim e pra todos, quero viver minhas experiências, de maneira ainda mais intensa, mesmo que tenha que tropeçar, e sei que vou tropeçar muito ainda, mas quero sempre ter a força pra poder levantar de cabeça erguida, olhar para trás e dizer que valeu a pena, pois isso faz com que eu me sinta vivo de verdade.

Acho que cada ser humano tem seu proprio livro, suas "TABULAS RASAS", onde escrevem todos os dias, tudo aquilo que fazem de nós, seres especiais, sem distinção de credos, nacionalidades ou culturas, e eu quero, continuar escrevendo nas minhas, até o fim de meus dias, ou pelo menos, enquanto eu tiver o que aprender com a vida.

Toca o barco.

NAMASTË


Um comentário:

  1. Lindo ensinamento...
    Somos livros em construção...
    Lindo final de semana pra você e sua família, querida!
    Bjs

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