3 de nov. de 2010

Um lugar para se lembrar...Um lugar para esquecer!


Não vou falar aqui sobre dores, ressentimentos, culpas e nada do tipo...

Essa semana tive um sonho estranho, eu estava no meu local de trabalho, num shopping aqui de BH, e ele estava completamente lotado, pessoas iam e vinham de todos os lados, corredores cheios como se fosse no Natal, e lá estava eu, no meio dessa multidão, e em um isntante esses rostos anônimos passaram a mudar, eles se tornaram rostos conhecidos, pessoas que passaram por minha existência ao longo de toda a minha vida, amigos, amores, familiares, via nitidamente todas essas pessoas felizes, sorrindo, mesmo aquelas pessoas que já não estão entre nós, e apesar de ninguém me ver ou ouvir, por mais que eu tentasse me comunicar, estavam todos lá, meu subconsciente não se esqueçeu de ninguém, me sentia perdido, assutado de tão real que era a sensação, e num relance vi um rosto que não via a tempos, ali, ao meu lado estava meu Pai, ele pôs a mão no meu ombro, e me disse com sua voz, suave e inesquecível:

-Não se preocupe, logo logo você vai entender porque está aqui, esse é um lugar para se lembrar, e um lugar para esquecer! Você precisa se desapegar, só assim poderá seguir em frente!

Hoje, vou falar apenas de algo que ainda é dificíllimo pra mim...O desapego. Com 35 anos de idade, eu ainda não aprendi a me desapegar, me apego a quase tudo, com exceção ao apego material, esse não me motiva nem um pouco, mas falo do apego emocional, me apego a pessoas, a sensações, a cheiros, a gostos, músicas, lembranças, todas essas coisas sempre me remetem a sentimentos dúbios, da euforia à melancolia.

Não consigo me desapegar daquilo que um dia foi importante pra mim de alguma maneira, insisto em manter vivo dentro de mim, as sensações que senti quando provei determinada comida, quando conheci determinada pessoa, me lembro de lugares, circunstâncias, tudo em detalhes, e isso me incomoda, muito, porque por mais que seja bom guardar boas sensações, não é nada agradável guardar as ruins, aquelas que nos fazem sentir o amargo gosto do arrependimento, da culpa e da decepção.

Acho que tudo seria muito mais simples se a gente tivesse um botãozinho na gente, que ao apertar, nos desligasse do passado, às vezes é muito fácil falar "Viva o presente" mas porque é tão difícil "viver o presente" com sentimentos enraizados em nosso coração?

Na minha pouca experiência talvez, apenas talvez, a saída esteja em aceitar esses sentimentos, deixá-los fazer parte de nossa constituição, deixar que eles entrem à vontade, mas que saiam quando quiserem, e não achar que somos "donos" deles, afinal, não somos donos nem de nós mesmos, acho que isso sim, é desapego, pelo menos eu acho, todos nós temos ao menos uma vez na vida, assuntos pendentes, grandes "?" sob nossas cabeças, que nos tiram o sono, alguns a gente consegue com um pouco de sorte resolver, outros no entanto, a gente simplesmente não consegue, e com o tempo, a gente acaba desistindo, e acredito que deve existir um momento da vida em que somos postos de frente com todos eles, e nesse momento, temos a oportunidade de "quitar nossas dívidas" com o destino, isso também é uma outra maneira de desapego.

Outra forma de desapego é aquele em que nos consentimos ou pelo menos, aceitamos melhor a morte de alguém que nos é querido, pode demorar meses, anos, décadas, mas a verdade é que nos apegamos, aceitamos que a vida segue sempre seu curso.

Assim como nos relacionamentos amorosos, quando terminamos uma relação, sentimos um verdadeiro rasgo na alma, rasgo tal que pensamos jamais que irá se remendar (Em alguns casos, realmente se torna um rasgo crônico...) até que um dia, com um pouco de paciência e força de vontade, aquele rasgo se torna apenas uma cicatriz, e um dia, ela se fecha, e até que, certo tempo depois, essa cicatriz continua lá, mas já não causa mais dor, exceto quando se machuca no mesmo lugar, aí sim, dói, dói muito, sangra talvez até mais do que na primeira ferida, e por mais que alguém diga que UM RAIO NÃO CAI DUAS VEZES NUM MESMO LUGAR, acreditem, cai sim!!

Desapegar é difícil, demanda uma enorme porção de sabedoria, de equilíbrio, mas principalmente, de vontade, precisamos muito querer deixar que a vida siga em frente, por mais que essa ou aquela situação nos possa parecer favorável, e por mais que eu ache extremamente difícil abrir mão de certas coisas, sei que é necessário sim, me lembrar, mas é ainda mais importante...deixar que as coisas se vão, que cresçam, que sigam seu próprio rumo, é preciso esquecer!!!


É preciso TOCAR O BARCO!!!

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