15 de set. de 2010

Carta ao Meu Pai


Pai,

Hoje, já faz tanto tempo, tantas coisas ficaram para trás...

Sei que o senhor deve andar ocupado "aí em cima", mas por favor, se tiver uns dez minutinhos pra mim, gostaria de compartilhar algumas palavras contigo.

Quando o senhor nos deixou, eu ainda era uma criança, inquieta, insegura, sonhadora, tinha medo do escuro, tinha medo de tantas coisas, pois o senhor não me ensinou a ter a sua coragem.

A coragem de enfrentar as dificuldades, os sonhos e os dessabores, as vitórias e os fracassos, o senhor não me ensinou por exemplo, a confiar mais em mim do que nos outros, não me mostrou qual era o caminho para fazer o certo, e quando era certo.

O Senhor não me disse que seria tão difícil esquecer da bola, dos carrinhos, das brincadeiras de rua, para trocar isso tudo pelo trabalho, pelas dificuldades, e pelo amor. Não me disse o quão alto era o preço.

Porque o senhor não me mostrou um caminho seguro para a felicidade? Porque não me disse que eu teria que conhecer uma tal "ESPERANÇA"? Todos dizem que ela é a "última que morre" , então porque é tão difícil mantê-la viva nos dias de hoje?

Tem muitas coisas que eu gostaria de ter te perguntado, e muitas delas eu me pergunto todos os dias sem resposta. Porque não me ensinou a ser como o Senhor? Porque mesmo com a minha vaga memória daqueles tempos, ainda me lembro do sorriso no teu rosto, mesmo quando as coisas pareciam mal.

Porque não me ensinou a acender a "luz" do corredor? Talvez, se eu tivesse aprendido, eu teria evitado muitas quedas no escuro.

Sabe Pai, hoje eu cresci, não sou mais aquele menino inquieto, inseguro, sonhador, mas guardo comigo muitos medos, medos que o Senhor não pôde, talvez não teve tempo, de me ajudar a desvencilhar, talvez eu deveria ser grato, afinal, aprendi tudo sozinho, me fortaleci, me dediquei, trouxe à tona bons e maus sentimentos, nos meus erros, e nos meus acertos, seja lá como for, mas ainda assim, sinto a sua falta...

Sinto falta de todas as coisas que fizemos, e sinto falta das muitas que nem chegamos a pensar em fazer, mas que sei que o senhor fazia com meus irmãos mais velhos, como andar de bicicleta, ir ao parque, ao zoológico, seria tão bom fazer isso tudo Pai, ao seu lado, com sua mão sempre cuidando de mim, e isso dói, dói tanto, saber que esse é um sabor que eu jamais provarei, talvez, um dia quando eu for Pai, eu consiga ter um pouco, uma mínima parte do que teria sido.

Bom, me desculpe por tomar tanto o seu tempo, não sei se o seu tempo é o mesmo do meu, e me desculpe, por ter procurado o Senhor em tantas pessoas ao longo de minha vida, por não ser paciente, por te buscar tanto em pensamento e em sonhos, mas é que eu precisava sabe? Ao menos de um pouquinho da tua atenção, só pra dizer o que eu talvez nunca tenha dito.

Sua ausência é grande, enorme, mas sei, aliás, sei não, eu sinto, que a cada dia, a cada feito meu, o Senhor está comigo, com sua mão em meus ombros e seus ouvidos atentos e seu olhar terno.

Pai, só queria que soubesse o quanto me orgulho em ser teu filho...HOJE E SEMPRE!!!!!



DO TEU FILHO QUE TE AMA... SEM TEMPO, SEM FRONTEIRAS E INFINITAMENTE


WALL

NAMASTË

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