28 de nov. de 2009

O Monstro de Olhos Verdes

Hoje deu vontade de pegar pesado...

Boa Noite a todos,

Há muito tempo que tenho vontade de escrever aqui sobre um tema bem polêmico, que com certeza divide muitas opiniões, e que é tão antigo quanto a própria humanidade, o "BOM" e velho...CIÚME!

Li um texto muito interessante da Psicóloca Ayala Pines, que deu uma definição bem intrínseca sobre o que é o cerne do ciúme:

"É a reação complexa a uma ameaça perceptível a uma relação valiosa ou à sua qualidade."

A palavra “ciúme”, segundo fontes literárias, tem suas origens na palavra grega zelumen, ou ainda zelosus, do latim, que têm suas raízes na palavra zelos, que significa fervor, calor, ardor ou intenso desejo. Zelos
vem da mesma raiz grega que deu origem às palavras, do francês e do inglês, respectivamente, jalousie e jealousy.

Mas definições gramáticas a parte, a verdade é que esse sentimento, ainda é objeto de muitos estudos dentro da psicologia, exatamente pelo fato de que as pessoas não podem prever totalmente suas reações frente a ele, talvez por ser uma reação muito mais ligada às circunstâncias do que aos instintos propriamente ditos.

Os ciumes podem variar, ciúme de amigos, de irmãos, ciúmes de coisas materiais, ciúmes dos Pais, todos estes exemplos podem ser vistos de maneira diferente, dependendo da intensidade que é colocada no "objeto" ao qual sentimos ciume.

Ciúme pode ser de alguma maneira positivo?

Pergunta bem difícil de responder, para isso precisamos avaliar nossos princípios mais básicos de sentimentos, se em nossas raízes, cultivamos os nossos sentimentos de maneira sadia, com valores de familia bem definidos, se crescemos em um ambiente onde são bem delineados os nossos papéis de irmãos ou filhos, se não somos inundados por idéias de que somos melhores ou piores, e sim, iguais, podemos ter uma idéia mais suscinta sobre o sentimento de posse, que é exatamente a origem do ciume. Portanto, antes de avaliar se existe algo de positivo no ciúme, precisamos ter claro dentro de nós, qual a real importância que damos aos nossos próprios sentimentos, se por um lado, temos aquela idéia de que ciúme pode ser aquele cuidado com quem gostamos, o "tal" zelo, aquela sensação de que não podemos perder aquilo que nos é querido, damos uma imensa atenção à quem amamos, em alguns casos, o ciume pode ser um escudo de proteção contra qualquer ameaça iminente, e pode, em alguns casos mais específicos, ser aquele "temperinho" que falta no relacionamento, mas, por outro lado, devemos tomar muito cuidado para que isso não nos torne inseguros, diminuídos frente, essa condição de cuidar, de zelar, tem que estar muito clara, pois as coisas complicam aí, quando se perde o controle.

Então, respondendo a pergunta em uma análise inicial, o ciume pode ser positivo se ele for conduzido de maneira consciente e extremamente controlada, pode ser aquela pílula anti-indiferença, e até um certo "termômetro" pra se medir determinados interesses em uma relação, mas como eu disse, isso tem que estar muito claro para as duas, ou mais partes envolvidas na relação.

Mas é claro que existe o lado negro, onde o "MONSTRO DOS OLHOS VERDES" se manifesta de maneira destrutiva, e é exatamente quando a situação foge totalmente do controle, ultrapassa os limites da razão, e até do sentimento, onde o medo da perda fala mais alto e aí não tem jeito, o ciúme pode causar danos irreversíveis, e ele pode ser alimentado de diversas maneiras, quem não conhece a famosa obra de William Shakespeare, Othello? Onde o protagonista sofre por viver no limiar entre o AMOR E ÓDIO por causa do ciúme de sua amada Desdêmona, e tem seu ciúme alimentado pelo invejoso amigo Iago, que não sossegou enquanto não viu o amigo ir às vias de fato com sua amada, por pura vingança pessoal, e temos vários outros exemplos da destruição que o ciume descontrolado causa, até mesmo nos chamados "crimes passionais" cada vez mais comuns hoje em dia, infelizmente.

Agora uma outra pergunta, existe uma maneira de se evitar o ciume, ou ainda melhor, será que dá pra simplesmente NÃO sentí-lo?

Isso é complicado, se focarmos nossas mentes na nossa TOTAL e incondicional segurança em nós mesmos, o que eu acredito que seja extremamente difícil, talvez seja possível que possamos aprender a viver sem ele, eu particularmente, acredito que sim, apesar de não ser uma pessoa completamente desprovida disso, digo, do ciume, tenho sim meus momentos de crise, mas tenho melhorado muito, posso dizer que não há formula mágica, apenas uma força de vontade de não deixar que isso se manifeste de maneira negativa, acredito na atenção, no cuidado, no zelo, assim como acredito que TUDO em desequilíbrio pode ser prejudicial.

Talvez o ciume seja meio inevitável, meio circunstancial, meio positivo e meio negativo, mas uma coisa é certa, não se pode dizer que é algo agradável de se sentir, seja sob qualquer esfera, por isso creio que não é algo que deva ser encorajado ou estimulado, pois pode se tornar NITROGLICERINA PURA!

O minha sugestão, e de maneira bem particular, é que tenhamos muita clareza ao vivenciar tal sensação, de preferencia, trocar essa experiencia com aqueles que amamos, nos despir de nossos orgulhos e dizer exatamente o que sente e como sente, pois isso pode se tornar um peso enorme caso não seja compartilhado, e se acontecer da coisa sair do nosso controle, devemos dizer, em alto e bom tom: "Olha, eu sinto ciumes sim, preciso da sua ajuda, preciso que me mostre que posso confiar, em mim, e em você!" Esse é um ótimo começo, adimitir que sente, pois quando fazemos isso, é o primeiro passo para que isso se resolva, ou pelo menos, que se entenda.

A verdade é que todo mundo quer atenção, quer ser amado e compreendido, e esses, pelo menos em tese, devem ser os princípios básicos para as relações interpessoais saudáveis, ainda que permeadas por dúvidas e medos, e o ciume tem muito a ver com chamar a atenção pra nós mesmos, quando se sente isso, é quase como se estivéssemos gritando por dentro: "OLHA PRA MIM, EU ESTOU AQUI TAMBÉM!!!" e isso vem desde a infância, quando sentimos ciúmes da atenção que nossos pais eventualente dão aos nossos irmãos, ou de um amiguinho que tá fazendo o maior sucesso na turma porque ganhou um brinquedo novo por exemplo.

Não existe uma maneira totalmente segura de se medir o grau de intensidade, ou de prever quando iremos ou não sentir esse incômodo sentimento, mas podemos ter certeza de uma coisa, o mundo seria BEM melhor sem ele. Bom, desculpem pelo texto grande, espero que gostem da minha reflexão de hoje, e espero também ter esclarecido de alguma forma algumas questões, apesar de um tema bem complexo, é interessante dissertar sobre algo que é cotidiano, que muitos defendem e que ainda é tabú para tantos outros, mas que definitivamente é tão comum como o próprio AMOR!


Toca o Barco...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui uma idéia, que seja apenas uma palavra, uma crítica, uma expressão que venha do sentimento que essa leitura lhe trouxe à tona, vamos compartilhar juntos nossos devaneios...